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Conto - O Doutor
Descrição:

 

 Dona Maria era uma mulher muito boa que morava em uma humilde casa, longe da cidade. Era no  meio  da natureza,um lugar remoto, vivia sem luz  elétrica, comia o que plantava e criava. Poucas vezes ia à cidade, pois seu cavalo era velho e andava devagar . Certo dia,  quando cortava lenha para o fogão, viu uma sacola no mato. Algo se mexia dentro dela. Pensou ser um cachorro ou um gato. Para sua surpresa, quando abriu, era uma criança com um papel escrito dizendo o dia que nasceu e  um pedido:

“A quem encontrar, cuide como se fosse sua  filha, pois sua mãe morrera logo que nasceu e não posso cuidar dela.” 

Dona Maria, sem saber  o que fazer,  pegou a menina e a levou pra sua casa,  rasgou algumas roupas e agasalhou a pequena  que deu nome de Vitória.

Dona Maria tinha três filhos. Houve um desmoronamento e todos morreram. Daí em diante, ela quis morar  longe de tudo da cidade pois assim esqueceria  tanta dor.  Ela começou do zero. Na nova casa criava, plantava e vive assim há 8 anos como uma eremita. Quando a criança chorava de fome a senhora ficava sem saber o que fazer com o bebê. Dona Maria tirou leite de uma cabra que criava e deu para a menina.Vitória cresceu forte, era muito inteligente e adorava  sua mãe.

Há tempos, havia, alguns quarteirões dali, uma fazenda, cujo dono era um ex- médico, conhecido como doutor Raul.  Ele  não  conseguiu salvar sua mulher  do  seu ultimo parto  e se entregou à bebida  e  autodestruição. Depois de dez anos de sofrimento, conseguiu reunir os 3 filhos agora já crescidos, que tinha  dado a sua irmã para cuidar. Mas não conseguiu resgatar a caçula,  pois   logo que nasceu,  ele vendo que não conseguiu salvar a mãe  ficou revoltado,   achando a criança  culpada pela morte  da mãe. Sendo assim, deu a menina para  sua irmã também caçula que, ainda solteira, preferiu dar um fim na criança.   Achou que assim seu irmão esqueceria melhor tudo, uma vez que não vendo a criança, não sofreria lembrando da mãe.

Essa irmã, chamada Marta, porém, pediu à Ana, empregada da família, que fizesse isso por ela, deixando o bebê em algum orfanato ou convento.Eis que Ana então deixou a criança bem longe da cidade,  no  mato,   à noite quando    retornou para  resgatar  a menina, já não estava mais lá.  Disse para a tia da criança que havia entregue a uma cigana na praça.  Mas, Ana não aguentando de remorso, pediu suas contas e sumiu  no mundo.

Vitoria já com 10 anos,  ajudava sua mãe de criação na lida. Era muito boa e prestativa. Em uma tarde de inverno, chovia muito, o celeiro estava deteriorado, molhando muito.  Dona Maria saiu na chuva para tentar arrumá-lo pois lá estavam  tudo o que elas tinham guardado pro inverno. Vitória também  foi ajudar  sua mãe com isso as duas ficaram doentes e pegaram uma gripe muito forte e tiveram muita febre, ficando muito mal. Vitoria tentava cuidar  da mãe, que já era idosa. Mas Vitoria piorou  deitada no quarto  e Dona Maria na sala. As duas não conseguiam levantar de tão fracas.  Mal se ouvia a voz de Dona Maria  chamando a menina:

-“Filha, desde a noite você não come nada, só dorme”.

Dona Maria chama e nada.  Começou a chover muito forte na sala onde estava deitada,  molhando  tudo.  Dona Maria ficou toda molhada e a febre  piorou. De repente, Vitória apareceu,  tirou sua mãe da chuva levou ao quarto e pôs na cama. Dona Maria delirava de febre e desmaiou, piorando .

Vitória saiu à procura de ajuda e chegou na fazenda do doutor. Muito molhada e desesperada pediu ao doutor que fosse até sua casa salvar sua mãe que estava mal. O doutor vendo  o desespero da menina, vestiu sua capa selou seu cavalo pôs a menina com ele e assim foram. Chegando lá em frente Vitória disse:

-          Rápido doutor! Vá lá! A porta tá aberta e ela está no quarto, na cama”.

-          “E você menina?  Não irá entrar comigo?” Disse o medico.

Ela respondeu: “Não doutor! Tenho que ver o celeiro. Depois irei.”

   O doutor entrou, foi até a senhora e a medicou, caindo depois no sono. Pela manhã ela acordou com alguém fazendo carinho em seu rosto:

“Oi! Quem é o senhor?”

“Sou o doutor  Raul seu vizinho.”

“ O que o senhor faz aqui? E como soube que eu estava doente?”

“A garotinha foi até minha casa ontem e me trouxe ate aqui.”

“É a Vitória! E como ela está? Estava mal que nem falava comigo. Onde ela está?”

Dona Maria então virou-se, foi até a rede e Vitória jazia lá.

“Nãooooooooooooo” Gritou a mulher minha filha não (choros).

“Ela deve ter piorado com a chuva que pegou quando foi a sua casa. Veja doutor! Salve ela”.

O doutor olhou, examinou e disse:

“Sinto muito senhora. Ela está com Deus faz  dois dias pelo estado de seu corpo. Mas  como pode isso? Foi ela quem me trouxe até aqui?   E ainda esta com a mesma roupa de ontem!”

Dona Maria caiu em prantos e disse:

“Minha Filhinha! Por que Deus te levou? Cuidei dela desde quando a encontrei aqui no mato”

  Então a senhora contou toda a historia da menina.

O doutor começou a chorar e descobriu pela data e nome que era sua filha perdida, pois a empregada havia falado com ele antes de morrer e contado sua historia. 

Ele pediu a Dona Maria que fosse morar com ele em sua fazenda depois do sepultamento da menina.  Era o mínimo que poderia fazer por aquela boa mulher.

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Quando a vida fecha uma porta pra você, não se desespere. Pois Deus de alguma forma sempre abre uma janela, nunca dando a cruz maior que a sua dor.

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